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Sinopse

A memória é o lugar natural da ficção: onde esquecemos como mecanismo de sobrevivência e nos lembramos como mecanismo de individualidade que permite estabelecer a identidade, o que se torna particularmente relevante nas comunidades na diáspora. Trabalhar a partir dos processos do luto de todos os intervenientes permite estabelecer um espaço de criação que torna visível não só a forma como as diferentes culturas vivem o luto, mas, também, abordar temáticas que aparecem como territórios culturais e emocionais fechados e invisibilizados.

A memória do luto surge como partilha - ciclo perpétuo de aparecimento, desaparecimento e renovação - o lugar orgânico da memória: como no final do segundo capítulo em que as bananeiras ao guinchar, simultaneamente, gemem, festejam, parem e anunciam a sua morte.

Este espectáculo é a terceira parte (de cinco) do projecto NA LUT@, trabalho de longa duração sobre o luto e a memória, dedicado a Samira Pereira (activista e produtora cultural, falecida em 2021).


Ficha Artística

CRIAÇÃO Flávia Gusmão e grupo Batukadeiras Finka Pé

APOIO À CRIAÇÃO Rosalina Lousada, Vânia Luz, Sofia Berberan, Luisa Homem, Marta Lança, Renato Linhares, Francisco Monteiro Lopes, Nuno Gil, Tiago Barbosa, Xullaji

APOIO A FIGURINOS E ADEREÇOS Fernando Alvarez, Ricardo Reis

INTERPRETAÇÃO Ariana Semedo, Clementina Dias, Darlene Moura, Domingas Brito, Domingas Moura, Edna Semedo, Emilia Cardoso, Filomena Borges, Maira Martins, Maria Brito, Nelida Silva, Regina Sanches, Sandra Tavares, Vitalina Varela

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL Ricardo Reis

CO-PRODUÇÃO Teatro Experimental de Cascais, Associação Moinho da Juventude, Grupo Batucadeiras Finka Pé

PRODUÇÃO Medusa Material e Bo Dixam Bai


Biografia

Flávia Gusmão

Portuguesa e Caboverdiana. Formou-se na Escola Profissional de Teatro de Cascais (1993/96) e integrou o elenco do Teatro Experimental de Cascais (1996- 2003). Entre 2003 e 2005, pertenceu ao Teatro da Garagem. Desde então, tem trabalhado com vários encenadores como Ana Luísa Guimarães, Diogo Infante, Cristina Carvalhal, Martim Pedroso, Joana Craveiro, Jorge Andrade, Nuno Cardoso, Tiago Rodrigues ou Marcos Barbosa. Com este último, criou “Amor, um solo”, a partir de André Sant’ Anna. Assinou, em cocriação, “Receita para me ouvires”, a partir de António Lobo Antunes (Teatro Maria Matos). Trabalhou em Itália em “Le Troiane” (2008), encenação Annalisa Bianco e Virginio Liberti, e “Wonderland”(2010) e, na Escócia, em “Saturday Night” (2011), “Wonderland” e “A Midsummer Night’s Dream” (2012), encenações de Matthew Lenton. Estagiou no Rio de Janeiro com Enrique Diaz e a Cia dos Actores. Nessa mesma cidade, com Michel Blois, Nuno Gil e Thiare Maia, cria e interpreta “Dulce”. Posteriormente, criou o solo “Falt” e, com Chullage, fez “A Última Mensagem”, de Amílcar Cabral ao Povo da Guiné e Cabo Verde. Em 2013, cria com Michel Blois “MoMO” (Rio de Janeiro, Lisboa e Cabo Verde ) e integra “As Centenárias”, de Newton Moreno, com encenação de Natália Luiza (Teatro Meridional), ganhando o prémio de melhor actriz da SPA. Em 2014, juntamente com Cleia Almeida e mais quatro actrizes grávidas, cria e interpreta “Consegues ver os teus pés” (com direcção de Martim Pedroso). Em sequência desse mesmo espectáculo, fazem, em 2017, "Filhos das mães”. Deu aulas de Teatro na Escola Profissional de Teatro de Cascais e a crianças, jovens e adultos em várias ilhas de Cabo Verde. Dirigiu a formação em teatro (Kanizade) do Centro Cultural do Mindelo. Deu formação aos elementos do grupo de batucadeiras Finka Pé, da Cova da Moura, com a parceria da Associação Moinho da Juventude. Tem o Mestrado em Teatro e Comunidade da Escola Superior de Teatro e Cinema.

Batucadeiras Finka Pé

O Grupo Batucadeiras Finka Pé, pioneiro do batuku cabo-verdiano em Portugal, nasceu no bairro da Cova da Moura (Amadora), no seio da Associação Cultural Moinho da Juventude (fundada em 1984). Criado por mulheres cabo-verdianas, o grupo preserva e renova uma das expressões mais representativas do património musical da ilha de Santiago de Cabo Verde, com raízes históricas desde o século XVII.

Composto por mulheres cabo-verdianas e suas descendentes, o grupo preserva a força da tchabeta e do canto colectivo. Participam jovens da segunda e terceira gerações nascidas em Portugal. Um espaço de transmissão cultural intergeracional e de resistência, símbolo de identidade, memória e convivência cultural, mantendo vivo o batuku como prática artística, comunitária e de afirmação em Portugal e na diáspora.

O grupo ganhou visibilidade em Portugal sobretudo a partir da Expo 98, quando abriu o concerto de Cesária Évora, Dulce Pontes e Marisa Monte perante 40 mil pessoas. Desde então, participou em digressões internacionais, em colaborações musicais - como no disco de estreia do rapper General D (1995) - e em projectos artísticos que resultaram em registos fonográficos e documentais. Entre eles, destacam-se o CD/DVD Finka-Pé. Contos de Mulheres que Dançam pela Liberdade (2012), o documentário Mulheres do Batuque (1997), de Catarina Rodrigues, e o livro Finka Pé - O Feitiço do Batuque (2017, 2.ª edição em 2024).

(Fontes: Associação Cultural Moinho da Juventude / Museu Virtual Cabo Verde & a Música / RTP Arquivos / Livro “O Feitiço do Batuque”)