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Sinopse

Em sua busca por “ser-estar” na cena, a actriz Ana Cristina Colla, ao longo de seus vinte anos de pesquisa junto ao Lume, visitou pessoas, cidades, mestres, recantos. Entre encontros e confrontos, foi depurando seu fazer teatral, passando pela mimesis das corporeidades, a dança pessoal, visitando o butoh, como portas para a própria singularidade.

“SerEstando Mulheres” é uma história “dançada” pela actriz sobre si mesma e sobre outras mulheres. Uma colcha de retalhos, pedaços conhecidos e sempre ressignificados, espalhados por diversos espectáculos. A matéria que o compõe surge de momentos distintos do seu caminhar de actriz e mulher no Lume Teatro. Um encontro forte e delicado com o feminino, onde a actriz narra, através das imagens que cria e corporifica, seu saber impresso no corpo.

Palavras da autora:

“Quando completei vinte anos de pesquisas como actriz junto ao Lume Teatro, em 2013, pulsavam em mim desejos que só eu poderia nomear. Via um emaranhado de vozes, trilhas, encontros, pedaços de mim e de tantos. Gritavam para sair, ainda disformes. Fui intuindo contornos, criando bordas. Queria falar da vida, da minha, Cris menina, Cris actriz, Cris mãe, Cris mulher, Cris filha, Cris tantas e entre essas tantas, Cris Maroquinha, Cris Dona Maria, Cris Madame Pacaembú, Cris Nataly, Cris Velha. Mulheres que encontrei em viagens de pesquisa de campo pelo Brasil e que me abriram suas casas e me contaram suas histórias, suas dores, seus aconchegos, ao lado de outras mulheres que brotaram no calor da sala de trabalho, inventadas, germinadas na pele, nos ossos, na carne, não menos reais, não menos eu, não menos elas. Na trilha dos vinte anos, elas saltaram forte, exigindo presença. Rasgaram caminho e apontaram a direcção. Assim nasce a obra “SerEstando Mulheres””.

Ficha Artística

Criação: Ana Cristina Colla e Fernando Villar

Actuação: Ana Cristina Colla

Direcção: Fernando Villar

Músicas: Rodrigo Cariranha, Robert Medzo e Greg Slivar

Concepção de Figurino: Silvana Nascimento

Concepção de luz: Maria Emília Cunha Alves

Técnicos responsáveis: Daniel Salvi, Eduardo Albergaria e Francisco Barganian

Design gráfico e fotografia: Arthur Amaral

Registro audiovisual: Alessandro Soave

Realização: LUME Teatro

Biografia

Ana Cristina Colla

Nasceu Ana Cristina, filha de Ana e neta de Maria. Era para se chamar Ana Maria, mas a avó disse que as Marias sofriam demais. Aí, a nomearam Ana Cristina, de Cristo. Nasceu miúda. Míope se tornou quando começou a crescer. Ser actriz nunca foi sonho, foi sendo. Talvez pela vocação de ser casulo. Quando foi para o mundo, sonhando em ser gente grande, se tornou actriz-pesquisadora do LUME - Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais - UNICAMP (desde 1994).

É autora dos livros Da minha janela vejo... - Relato de uma trajectória pessoal de pesquisa no LUME (2006, HUCITEC), Caminhante, não há caminho. Só rastros (2013, Ed. Perspectiva), Práticas Teatrais: sobre presenças, treinamentos, dramaturgias e processos (2020, Ed. Unicamp) e Entre cenas, memórias e estilhaços (2022, Editora Unicamp) e de artigos em livros e periódicos. Doutora e Mestre pelo Instituto de Artes da UNICAMP e Professora no Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena na mesma universidade. Foi contemplada com o Prémio de Reconhecimento Académico da UNICAMP em 2019 e com o prêmio Terry 2023 de melhor actriz pelo solo “SerEstando Mulheres” no Festival del Monólogos Latinoamericanos en Cienfuegos, Cuba. Por esse mesmo espectáculo, em 2025, recebeu o Prêmio Villanueva de la Critica, atribuido pela Unión de Escritores y Artistas Escénicos, na categoria de Melhor Espectáculo Estrangeiro apresentado em Cuba em 2024. Apresenta espectáculos e ministra workshops, palestras, demonstrações técnicas e pesquisas de campo sobre o trabalho desenvolvido no Lume em diversas cidades do Brasil e do exterior (Dinamarca, Noruega, Egipto, Israel, Equador, Bolívia, México, EUA, Itália, França, Alemanha, Bélgica, Escócia, Portugal, Polónia, Coreia do Sul, Costa Rica, Argentina, Colômbia e Cuba). Realizou intercâmbios de criação com Natsu Nakajima, Anzu Furukawa, Tadashi Endo, Kai Bredholt, Norberto Presta, Sue Morrison, Grace Passô e Emilio García Wehbi.